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Especialistas alertam para a falta de reconhecimento aos profissionais de enfermagem

Dificuldade em se desligar do trabalho também foi apontado como um fator preocupante

05.02.2019

Dra. Dórisdaia Humerez e o Psicólogo Renisson Araújo

No dia 29 de janeiro, o psicólogo Renisson Costa Araújo e a enfermeira especialista em saúde mental, com residência em Psiquiatria, Dra. Dórisdaia de Carvalho Humerez, estiveram presentes na Rádio Atalaia FM de Campo Grande. Os dois profissionais integraram o elenco de palestrantes do Seminário “Sofrimento mental e organização do trabalho em enfermagem” e compareceram ao veículo radiofônico, a convite do Coren-MS.

Durante o Seminário, Renisson Araújo trabalhou o tema “Defesas do indivíduo e Demandas de trabalho”, enquanto Dórisdaia Humerez tratou da “Preveção ao Suicídio no âmbito da enfermagem”.

Ao longo da entrevista, o locutor Mário Rodrigues fez questionamentos em relação a sobrecarga de trabalho dos profissionais de enfermagem, onde um dos aspectos é a dificuldade em se desligar do trabalho.

De acordo com o psicólogo, a dificuldade em se desligar do trabalho, pode acarretar em prejuízos à saúde mental. “O não desligamento do trabalho, independente da área, pode acarretar na Síndrome de Burnout, uma patologia resultante de um estresse absurdo. Além disso, um quarto dos afastamentos de profissionais de enfermagem são decorrentes de doenças emocionais”, alertou.

Renisson Araújo lamentou o fato do adoecimento ser banalizado socialmente. “Como não conseguimos ter um Raio-X do nosso cérebro, muitas vezes deixamos de lado certas patologias e distúrbios psíquicos que podem surgir. Quantas vezes não ouvimos dizer “não é nada sério, é só psicológico”. O sujeito muitas vezes é competente, tem força de vontade, mas é banalizado por conta desse tabu.

Dra. Dórisdaia de Carvalho Humerez, especialista em saúde mental

Para a Dra. Dórisdaia Humerez, a falta de descanso para o profissional de enfermagem é um fator de adoecimento. “É uma crueldade o profissional não ter possibilidade de vida social e familiar. Caso tenha que faltar, deve dobrar o plantão depois. Normalmente tem que atender o paciente sempre com um sorriso, de forma humanitária, mas carrega um grande sofrimento por trás”.

De acordo com o psicólogo, o momento de lazer, necessário ao profissional de enfermagem, é tratado de forma pejorativa. “Costumamos associar diversão com perda de tempo e essa ideia é totalmente equivocada. Tem até um autor chamado Paul Lafargue, que fala do “Direito a preguiça”. É sempre importante o indivíduo ter espaço para fazer nada, o que não ocorre atualmente com grande parte dos profissionais da enfermagem”.

Necessidade de reconhecimento

Segundo Dórisdaia Humerez, o profissional de enfermagem necessita de reconhecimento pelo seu trabalho. “Ninguém reconhece nossa profissão como se fosse importante, nem os superiores, nem as políticas públicas e muitas vezes nem os pacientes. É comum escutarmos pessoas dizendo ao médico “Doutor, obrigado, o senhor me salvou”, mas não se lembram que os profissionais de enfermagem que cuidaram de higiene, medicação e outras atividades complexas”.

Para o psicólogo Renisson Araújo, o reconhecimento da categoria seria uma forma de equivalência com os outros funcionários da área da saúde. “Os profissionais da enfermagem querem ser reconhecidos, como ocorre com os médicos. Afinal, por trás de um enfermeiro, está um ser humano, um pai, uma mãe ou um filho que muitas vezes se sente frustrado”.

Renisson afirma ainda que os erros por parte da enfermagem geram uma repercussão maior em relação aos outros profissionais da área da saúde. “O profissional de enfermagem é ser humano e é passível de erro. Mas quando ele erra, acaba gerando muito mais alarde. Os acertos dificilmente são reconhecidos”.

Por fim, o psicólogo afirma que uma alternativa para a falta de reconhecimento seria um apoio interno entre os próprios profissionais “É importante os profissionais se apoiarem internamente. O outro precisa de ajuda e amparo. Uma prova disso são as altas taxas de afastamento mental na área”, finaliza.

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