Morte por leishmaniose causa alerta


01.03.2013

A vítima é um bebê de 10 meses, que passou pelo Privê Morada Sul, um condomínio da região do Altiplano Leste. Comunidade da região, onde há contaminações confirmadas, estão com medo

De uma hora para outra, a pequena Alicia de Oliveira Santilli, de 10 meses, deixou de ser o bebê sorridente das fotos guardadas com carinho pela avó, a dona de casa Denise Braz Santilli, 50 anos. “Ela começou a ter febre e não queria comer. Ia ao médico, mas nada de errado era encontrado”, conta. A menina acabou não resistindo e, apenas 10 dias após o sepultamento, a causa da morte de Alicia foi esclarecida: leishmaniose visceral, também conhecida como calazar. A família acredita que a bebê tenha contraído a doença durante uma visita, no fim de 2012, aos avós, que moram no Condomínio Privê Morada Sul. Na região, há casos comprovados de cães e pessoas contaminadas pela doença, o que deixa os moradores em alerta.

Durante o ano passado, 36 pessoas foram diagnosticadas com a leishmaniose no Distrito Federal – quatro delas morreram. Apesar de o número de doentes ser um pouco menor que o de 2011, quando 40 notificações foram confirmadas, o coeficiente de letalidade (resultado da relação entre o número de mortes e o de casos) é o maior desde 2005 – 11,1%. Apenas uma das vítimas que morreram com a doença contraiu o parasita aqui – casos chamados de autóctones. Baiano, o homem trabalhava como caseiro no Lago Norte há um ano e meio. As outras três mortes foram de pacientes do Maranhão e de Goiás, que vieram se tratar em Brasília.

O número de cães com o parasita, no último ano, também manteve a média nos anos anteriores: 551 animais. As estatísticas são consideradas altas e preocupantes pelo presidente da Associação Brasileira de Medicina Tropical, Carlos Costa. “O DF é rico, pequeno e teve o primeiro caso da doença recentemente, em 2005. Mesmo assim, os números são altos em comparação com outras unidades da Federação. A maior preocupação é com o futuro da doença na região”, alerta o especialista.

Sem informação

De acordo com a Vigilância Ambiental, no condomínio dos avós de Alicia, na região do Altiplano Leste, no Lago Sul, uma criança de 10 anos foi diagnosticada com a doença em 2011 e o protozoário causador da doença acabou encontrado no sangue de dezenas de cachorros. “Eu nunca soube que eu e minha família corríamos esse risco. Se soubesse, talvez a história não teria sido triste assim”, desabafa Denise.

A menina morava com os pais em São Paulo e sua morte entrou para as estatísticas daquele estado. O pai de Alicia, o empresário Wagner Santilli, 37 anos ,também acredita que a informação poderia ter feito diferença. “Além de poder ter evitado a contaminação, o diagnóstico médico seria mais rápido. Em São Paulo, não é praxe fazer o teste de leishmaniose, já que não há casos na capital, onde moramos. Só quando comentei que estive em Brasília que o médico suspeitou da doença, mas já era tarde”, lamenta.

De acordo com dados da Secretaria de Saúde (SES), dos 36 casos de leishmaniose visceral no DF registrados em 2012, três são de crianças com menos de um ano. A faixa etária mais atingida é de pessoas com idade entre 20 e 39 anos, com 16 casos. A leishmaniose tem cura. “O tratamento é seguro e eficaz, desde que a pessoa tenha sido diagnosticada a tempo”, explica o médico Dalcy Albuquerque, chefe do Núcleo de Endemias da SES.

De acordo com Albuquerque, não é possível afirmar que Alicia foi contaminada em Brasília. “Ela esteve em outros locais onde poderia ter sido contaminada. Então, é difícil dizer que ela foi infectada aqui, mesmo sabendo que na região que ela esteve hospedada houve outros casos da doença”, explica. Mesmo assim, os moradores do condomínio Privê Morada Sul estão preocupados.

A dona de casa Rosane Silveira, 47 anos, teme pelos filhos e sobrinhos. “Desde que soube do primeiro caso aqui, depois das 17h, não deixo ninguém ficar na rua”, conta. Dona de três cães, ela diz que vacinou os animais. Outra moradora do condomínio, que preferiu não se identificar, alega que muitos vizinhos escondem os animais quando a Vigilância Ambiental faz inspeção.

O primeiro diagnóstico no Distrito Federal foi na Fercal (veja Memória). Em sete anos, casos da doença em humanos já foram registrados nos Lago Sul e Norte, em Sobradinho I e II, Jardim Botânico e Varjão, de acordo com a Vigilância Ambiental. Essas são áreas consideradas de risco.

Fonte: Correio Braziliense

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