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Profissionais da enfermagem estão adoecendo


19.11.2012

Causas são excesso de carga horária e de pacientes por plantão, baixos salários e falta de condições de trabalho

Uma das mais antigas profissões, que acabou sendo muito vinculada à solidariedade e à compaixão, está adoecendo. Enfermeiros, técnicos e auxiliares de enfermagem vêm, ao longo de décadas, sendo submetidos a baixos salários, excesso de carga horária e ainda excesso de pacientes por plantão. O presidente do Sindicato dos Enfermeiros de Mato Grosso (Sinpen), Dejamir Soares, faz uma análise fria da situação da enfermagem no país. Segundo ele, a profissão é regida por quatro vertentes: paciente certo, hora certa, medicamento certo, via certa. E nenhuma delas estaria sendo cumprida por falta de condições de trabalho e baixos salários. O resultado não seria outro senão profissionais estressados, cansados, baixa qualidade no atendimento aos pacientes e, consequentemente, alto risco de falhas na medicação.

“Quando há excesso de pacientes sob sua responsabilidade no plantão, ele pode acabar se confundindo com os medicamentos”, frisa Dejamir, observando que, por conta dos baixos salários, o profissional tem que fazer tripla jornada. Pela lógica, calcula o sindicalista, cada profissional deve trabalhar 12 horas e folgar 36. Só que, segundo ele, acontece o contrário. O enfermeiro trabalha 36 horas e folga 12. “Nessas 36 horas, ele dorme apenas 3 horas. As outras 33 ele permanece acordado e de pé”. E para suportar essa rotina, acaba fazendo uso constante de café, anfetaminas e dolantinas. Essa roda-viva, aliada ao fator responsabilidade – um erro pode ser fatal – é que vem adoecendo os profissionais da área.

Os casos mais comuns são afastamento médico por distúrbios mentais e problemas relacionados à coluna. Lidar diariamente com a vida e a morte não é uma tarefa fácil, mas os problemas não se limitam a isso, “até porque é inerente à profissão, o pior é ver casos em que o paciente pode ser salvo, mas acaba morrendo pela falta de medicamentos e aparelhos”, conta Edson Ferreira, há 18 anos na profissão.

Os riscos de acidentesde trabalho também são grandes e tem aumentado o número de contaminações. “O enfermeiro só aparece quando comete algum erro, mas o que ninguém vê é a situação que o levou a errar”, relata. De 2007 até os dias atuais já foram registradas 2.145 ocorrências. Os números podem ser maiores, mas, devido ao medo de perder o emprego, o profissional acaba fazendo as Comunicações de Acidente de Trabalho (CAT), junto aos órgãos competentes. Os acidentes mais comuns são contaminações por material biológico.

Segundo o enfermeiro, esta é uma realidade tanto de quem trabalha no meio público quanto em hospitais privados. Nestes a situação seria ainda pior: além do comprometimento inerente ao exercício profissional, seriam constrangidos a trabalhar mesmo sem condições de saúde.

Estrela do espetáculo

Crítico, Dejamir Soares não economiza palavras para lembrar que o profissional da enfermagem tem que atender, além do paciente, o acompanhante e o médico, “a estrela do espetáculo”. Ele diz que “o médico passa para ver o paciente rapidamente e aí o enfermeiro tem que sair correndo atrás dele como se estivesse fazendo caridade”. O presidente do Sinpen ainda ressalta que o médico do Pronto-Socorro de Cuiabá trabalha apenas 24 horas por semana, recebe salário de R$6.500,00, prêmio de R$ 2.000,00 e, como tem excesso de tempo sobrando, acaba assinando vários outros contratos com o mesmo Pronto-Socorro e perfazendo um salário de até R$25.000,00 ao mês.

Fonte: Portal Circuito Mato Grosso

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