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Sorrindo, idosos que sofreram com a hanseníase falam do preconceito que enfrentaram


19.07.2012

“A doença não mata, o que mata é o preconceito, que fere e machuca qualquer ser humano”, conta Raimundo Lopes da Fonseca, 77 anos, que sofreu da lepra – uma doença transmissível causada por uma bactéria, conhecida como a hanseníase.

Ele está curado da doença e mora há 22 anos no hospital São Julião, que fica no bairro Nova Lima, na região norte de Campo Grande. “Cheguei aqui no hospital com a ajuda de um amigo. Tinha feridas pelo corpo e não conseguia segurar uma colher devido a fraqueza nos ossos. Não sabia o que tinha. Antes morava no Mato Grosso e tinha passado por cinco consultórios médicos e tomava vários remédios que não tinham nada a ver com a doença”.

A assistente social Marilza Moraes, do hospital São Julião, explica que a hanseniase é uma doença de pele que agride os nervos periféricos. “E uma doença oportunista que fica no organismo e aparece quando a pessoa está com a imunidade baixa. O preconceito ainda existe em relação à doença, que tem cura. O hospital chegava a abrigar as pessoas que eram deixadas pela família e eles acabaram morando aqui. Hoje o tratamento é feito com mais agilidade e tentamos trazer a família para ficar mais perto do doente. Até mesmo para ajudar o paciente e acabar com o preconceito”.

Com um sorriso no rosto, Raimundo lembra que um rapaz descobriu que um homem tinha os mesmos sintomas que ele em Campo Grande e estava sendo curado. “Tinha perdido todos os documentos e fui até a delegacia para fazer um boletim de ocorrência. Quando entrei, a esposa do delegado estava saindo. Ela me perguntou se a doença era contagiosa. Devido às feridas, fiquei com vergonha. Nem sabia o que responder”, conta. “Ela disse que não era para passar em frente da casa dela e saiu sacudindo as roupas”.
Em outra ocasião, ele estava em um bar tomando café, quando decidiu ir embora percebeu que a proprietária pegou o copo com um pano de prato e jogou o copo em um buraco. Ela pediu ainda para um homem enterrar o objeto.

Raimundo pede durante a entrevista para deixar uma mensagem. “As pessoas que começarem a sentir dormência no corpo e só correr para o posto de saúde. A doença hanseníase tem cura. A medicina está avançada. Não sofra. Não esconda. Peça ajuda e esteja preparado. Preconceito existe em qualquer ocasião”.

Ele conta que há 30 anos o problema era mais preocupante. Ninguém conhecia a doença. Agora, “qualquer posto de saúde oferece tratamento”.

Ludigerio Purificação está tão velhinho que esqueceu a idade. Ele tem aparência de ter aproximadamente 80 anos. “Comecei a trabalhar cedo e fiquei doente.Não sabia o que tinha. Às vezes ficava bom e depois a doença voltava. No começo a minha família me ajudou”, afirmou.

Nenhum dos médicos da cidade de Afrânio (Pernambuco) descobriam o que ele tinha e Ludigerio foi abandonado. “Acredito que a minha mãe e irmãs pensaram que iriam pegar a doença. Fiquei mais doente ainda. Cheguei a me entregar para a doença. O jeito que as pessoas me olhavam é que me machucava. Encontrava poucas pessoas para me ajudar. Hoje estou curado. Estou velho e tenho saudades da minha família. Acredito que meus pais morreram. Devo ter irmãs. Elas nem sabe na onde estou”, disse.

José Garcia, de 107 anos, conhecido como Gavião, é o mais velho da casa. Ele vive no hospitala há mais de 60 anos. Duas irmãs dele vão até o hospital para visitá-lo. Elas moram em outra cidade. Ele não fala mais e conversa através de gestos. Foi o primeiro a receber o tratamento da hanseníase no hospital São Julião.

Fonte: CapitalNews.

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