“Deixamos de ser modelo”, indaga o presidente do Coren-MS, sobre a Saúde pública de Campo Grande


05.04.2023

Audiência pública promovida pela Câmara dos Vereadores contou com a presença de todos gestores de saúde

Na audiência pública promovida pela Câmara dos Vereadores de Campo Grande sobre “A saúde que queremos para Campo Grande”, na manhã desta quarta-feira (05/04), o presidente do Coren-MS, Dr. Sebastião Duarte, indagou que a capital sul-mato-grossense deixou de ser modelo nos manuais do Ministério da Saúde. “Perdemos este status”, disse infelizmente.

Sebastião aponta que a Atenção Primária em Campo Grande mudou e não tem seguido os propósitos da Estratégia Saúde da Família. Outro fato é que desde que as unidades de saúde passaram a atender horários estendidos não houve contratação de mais profissionais, de modo a ampliar a assistência à saúde e essa modalidade de trabalho tem interferido na vida dos profissionais.

Presidente do Coren-MS, Dr. Sebastião Duarte, ao lado da presidente da Santa Casa, Alir Terra, e do presidente do Conselho de Farmácia, Flávio Shinzato

O presidente do Coren-MS cobrou responsabilidade de todos os gestores de saúde. “Conhecemos os problemas e é preciso a responsabilização de quem deveria garantir princípios constitucionais”.

Na audiência estiveram presentes o secretário municipal de Saúde, Dr. Sandro Benites, a secretária-adjunta, Dra. Rosana Leite, a presidente da Santa Casa de Campo Grande, Alir Terra, os vereadores, Dr. Victor Rocha e Profº André Luís, e representantes do Ministério Público Estadual e da Defensoria Pública. “Campo Grande deixou de ser modelo de saúde do Brasil e servia de parâmetro ao Estado. Quando conversamos com gestores dos municípios do interior antes usávamos como exemplo. Está difícil agora, pois os problemas se tornaram recorrentes”, afirma.

Diagnóstico das unidades de saúde

O Coren-MS possui diagnóstico feito pela equipe de fiscalização de todas as unidades de saúde de Campo Grande, desde a atenção básica à saúde até a rede de urgência e emergência. E que, como foi apresentado durante a audiência, existem unidades deterioradas e insalubres, mas a maior parte possui condições satisfatórias.

Entretanto, mais importante que realizar reformas em unidades básicas, o presidente do Coren-MS, Dr. Sebastião, frisou a necessidade de suprir a falta de medicamentos e de ter mais profissionais para os atendimentos. “Sem recurso humano não adianta reformar unidade de saúde se não tiver profissionais para estarem lá e trabalharem”, afirmou.

“Falamos muito da superlotação nas UPAs e dos hospitais. Mas o que me preocupa é não ter a Atenção Básica como primeira prioridade na gestão, afinal, é a porta de entrada no sistema de saúde. Se a gente não controlar a hipertensão arterial, diabetes e não oferecer um pré-natal adequado, nós vamos continuar com Upas lotadas, hospitais lotados e sem leito”, informou.

“O secretário, Dr. Sandro, concedeu entrevista e falou em contratar 30 leitos privados para Campo Grande. É uma necessidade mesmo. Estamos tendo casos de criança, de menos de um ano, sendo entubada pela situação epidemiológica. Nós não podemos esperar as pessoas se agravarem tanto, chegarem a óbito. Para a gente fazer alguma coisa”, cobrou.

As 12 medidas urgentes
Foi entregue ao secretário municipal de Saúde, Sandro Benites, uma lista de 12 reivindicações e soluções apontadas na Audiência. Constam o problema de recursos humanos insuficientes, apontando a necessidade de concurso público; ampliação de leitos hospitalares, primeiramente ampliando a contratualização e, a longo prazo, com a criação do Hospital Municipal; fortalecimento da atenção básica para evitar complicação dos casos. E uma lista de 64 medicamentos em falta nas unidades de saúde, sendo pontuado como necessidade de compra emergencial.

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